Boa Vista
Nota técnica do Estudo de Boa Vista
O município de Boa Vista, segundo a estimativa do IBGE para 2021, reúne 66,89% (436.591 hab.) da população do estado de Roraima. A cidade é a sexta pesquisada pelo Projeto Amazônia Legal Urbana Análise Socioespacial das Mudanças Climáticas, que desde outubro/2020, tem estudado as dimensões das mudanças do climáticas nas capitais da Amazônia Legal e nessa segunda fase além de Boa Vista, analisará as cidades de Cuiabá, Porto Velho e Palmas, alcançando em dois anos de pesquisa as nove capitais do território amazônico.
E a pesquisa “Desigualdades Étnico-Raciais e de Gênero e os Impactos das Mudanças Climáticas no Espaço Urbano de Boa Vista, Roraima”, publicada no volume 01 do “Caderno Iyaleta” em 2021, se junta as realizadas nas cidades de Belém, Macapá, Manaus, São Luís e Rio Branco, que visam processos de revisão/elaboração de planos diretor em reconhecimento das desigualdades raciais, étnicas, de gênero e as intersecções, para alcance de políticas públicas de adaptação as mudanças do clima e atenção as populações em vulnerabilidades.
A analise socioespacial das mudanças climáticas e as desigualdades se aprofunda na configuração territorial a partir de três dimensões: primeira dimensão – “mudança das condições médias”: são as análises sobre longos períodos de precipitações que aumentam os risco de enchentes, deslizamentos de encosta e interrupção das redes de abastecimento de produtos alimentares; segunda dimensão – “mudanças em condições extremas”: tem atenção às chuvas extremas ou ciclones tropicais que provocam inundações e danos em casas e na infraestrutura urbana; e a terceira dimensão – “mudanças na exposição”: atenção aos movimentos populacionais em áreas urbanas e mudanças biológicas com impactos no aumento de vetores de doenças. Mais informações sobre a estrutura metodológica da pesquisa está disponível no capítulo 2 do estudo.
Já no capítulo 03 o estudo apresenta as “Desigualdades em Dimensões Socioeconômicas e de Saúde”, com análises das condições de saúde, estruturada na interseccionalidade para conhecimento dos impactos do ordenamento urbano desigual nas condições de vida da população devido ao determinante étnico-raciais e de gênero, que permitem constatar:
Ademais, diante dos efeitos desiguais dos impactos das mudanças climáticas, agudizados entre os segmentos sociais vulnerabilizados, a exemplo das mulheres da população Negra e Indígena, Políticas de adaptação às mudanças climáticas, envolvendo os Planos Diretores urbanos e os planos de enfrentamento às mudanças climáticas, considerando o contexto de desigualdades étnico-racial e de gênero devem ser delineados nos espaços urbanos. (pág, 15)
Na sequência, o estudo se debruça sobre as “Dimensões das Mudanças Climáticas no Ordenamento Desigual” (capítulo 04), com análises sobre o Plano Diretor (2006) aprovado e vigente, e seus impactos nas condições ambientais, socioeconômicas e a espacialização demográfica da população, tendo como base as duas dimensões das mudanças climáticas: a primeira (mudanças das condições médias); e a segunda (mudanças na exposição) dimensões das mudanças climáticas.
Para garante maior visualização sobre as condições espaciais o estudo apresenta mapas temáticos, dando dimensões dos impactos do ordenamento de Boa Vista e os níveis de interdependência das condições de vida da população municipal em escala estadual por meio dos indicadores de monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
Quanto à densidade populacional, a maior parte da população, tanto de Roraima como de Boa Vista, concentra-se na área urbana, com 344.859 (76,55%) e 277.799 (97,71%) habitantes, respectivamente. Esse dado aponta que no município vive a maioria da população urbana estadual e está impactada pelo ordenamento territorial aprovado e normatizado no PDEPBV. Quando analisamos a população urbana pelo quesito étnico-racial, a população Indígena representa 1,82%, Negra 55,36% e Branca 18,55% no estado de Roraima e em Boa Vista segue o mesmo padrão, a Indígena representa 2,14%, Negra 70,01% e Branca 24,54% da população. (pág. 20)
A pesquisa apresenta dessa maneira um conjunto de considerações importante ao processo de Plano Diretor Urbano e/ou formulação de planos de mudanças climáticas, para que as políticas públicas urbanas de adaptação às mudanças do clima no território aprofundem sobre as desigualdades municipais.
Confira o Caderno Iyaleta Vol. 01 na seção “Publicações”.
Juliana Dias
Coordenação de Comunicação
Projeto Amazônia Legal Urbana – Análises Socioespaciais de Mudanças Climáticas